Você sabia que sangramentos fora do período menstrual podem indicar algo sério? - Dr. Alison Moriyama

O que é Sangramento Uterino Anormal (SUA)?

Informações com Dr. Alison Moriyama – Ginecologia e Saúde da Mulher

SUA é definido como qualquer sangramento menstrual que fuja do padrão normal, seja em volume, duração, frequência ou regularidade. Pode afetar mulheres de todas as idades, principalmente durante a menacme (idade fértil) e a transição para a menopausa.

O diagnóstico correto é essencial, pois o sangramento pode ser sinal de condições benignas, como pólipos ou miomas, ou indicar doenças mais graves, como câncer endometrial.

Quais são as causas do SUA? (Classificação PALM-COEIN)

A classificação internacional mais utilizada para investigar o SUA é a PALM-COEIN, recomendada pela FIGO e adotada pela FEBRASGO.

Grupo PALM – Causas Estruturais:

• P – Pólipo: Crescimento benigno da mucosa endometrial que pode causar sangramentos intermenstruais. Podem ser visualizados por ultrassonografia transvaginal e confirmados por histeroscopia.
• A – Adenomiose: Presença de tecido endometrial no interior do miométrio. Pode causar sangramentos intensos e cólicas severas.
• L – Leiomioma (miomas): Tumores benignos do útero. Quando submucosos, estão altamente relacionados ao SUA.
• M – Malignidade e hiperplasia: Alterações endometriais pré-malignas ou malignas, como hiperplasia endometrial com ou sem atipia, e câncer de endométrio.

Grupo COEIN – Causas Não Estruturais:

• C – Coagulopatias: Doenças hemorrágicas como Doença de von Willebrand podem causar menstruações intensas e prolongadas.
• O – Disfunção ovulatória: Comum na adolescência e perimenopausa, leva a ciclos irregulares e sangramentos imprevisíveis.
• E – Alterações endometriais: Disfunções no próprio tecido endometrial que causam resposta inadequada à ovulação e hemostasia local.
• I – Iatrogênicas: Sangramentos causados por medicamentos (como anticoncepcionais, anticoagulantes) ou procedimentos médicos.
• N – Não classificadas: Inclui outras causas que ainda não se encaixam nas categorias acima, como malformações uterinas.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico envolve uma avaliação clínica cuidadosa, exames laboratoriais e exames de imagem. Entre os principais métodos diagnósticos estão:

• Anamnese e exame físico: Avaliação do padrão de sangramento e sintomas associados.
• Ultrassonografia transvaginal: Principal exame de imagem para identificar alterações estruturais como miomas e pólipos.
• Histeroscopia: Permite visualização direta da cavidade endometrial e biópsia.
• Exames hormonais: TSH, prolactina, FSH e outros para avaliar disfunção ovulatória.
• Hemograma e coagulograma: Para investigar anemia e coagulopatias.

Quais são as opções de tratamento?

O tratamento do SUA depende da causa, idade da paciente, desejo reprodutivo e intensidade dos sintomas.

• Medicamentos hormonais: Anticoncepcionais orais, DIU com levonorgestrel, progestagênios isolados.
• Anti-inflamatórios não esteroides: Como o ibuprofeno, que ajudam a reduzir o fluxo menstrual.
• Antifibrinolíticos: Como o ácido tranexâmico, eficaz em sangramentos intensos.
• Tratamento cirúrgico: Histeroscopia para retirada de pólipos ou miomas submucosos; histerectomia em casos refratários.
• Tratamento da causa de base: Corrigir disfunções hormonais ou tratar doenças hematológicas, por exemplo.

Quais são os riscos de não tratar?

Ignorar o sangramento uterino anormal pode trazer consequências sérias, como:

• Anemia grave: Causada por perda crônica de sangue, impactando a qualidade de vida.
• Infertilidade: Algumas causas de SUA, como adenomiose ou disfunção ovulatória, podem dificultar a gravidez.
• Evolução de lesões malignas: Hiperplasia endometrial ou câncer podem passar despercebidos sem investigação adequada.
• Impacto emocional e social: O sangramento intenso e irregular afeta a autoestima, a vida sexual e o desempenho profissional/social.